Como todo o ano, a largada ao Oscar é dada com o anúncio dos representantes da categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Para concorrer à categoria na cerimônia que acontecerá no dia 26 de fevereiro de 2017, se inscreveram 89 países do mundo inteiro; destes, 85 estão qualificados para concorrer à estatueta, número recorde na história do Oscar.
Nem vou me delongar nas polêmicas brasileiras sobre a designação como representante na categoria do PEQUENO SEGREDO de David Schurmann, mas vou citar uma fala de Kleber Mendonça Filho no recente Festival de Brasilia, durante uma masterclass: “Foi uma falta de visão estratégica”.
Muitos grandes nomes compõem a lista de qualificados à estatueta; filmes que estão realizando belos percursos no circuito de festivais e grandes sucessos de crítica estão competindo para um lugar dos cinco que compõem a categoria.
Uma feliz presença acima de todas: Paul Verhoeven com seu ELLE, representante da França. Uma revanche em cima da crítica e de uma suposta cinefilia alta que durante anos massacrou seus trabalhos americanos, incluindo filmes altamente reverenciados por cinéfilos contemporâneos, como “Tropas Estrelares” e “Robocop”. A atriz Isabelle Huppert está sendo posta também como uma das frontrunners da categoria Melhor Atriz.
Almodóvar se faz presente com seu maduro JULIETA, representando a Espanha. A surpresa de Cannes, TONI ERDMANN de Maren Ade e como a Sandra Huller de “Movimento Browniano” vem com tudo representando a Alemanha. A Bósnia será representada por DEATH IN SARAJEVO de Danis Tanovic, já vencedor da estatueta em 2001 por “Terra de Ninguém”.
Xavier Dolan representará o Canadá com É APENAS O FIM DO MUNDO, em competição no último Festival de Cannes e com um elenco estrelar que inclui Marion Cotillard, Nathalie Baye, Vincent Cassel, Léa Seydoux e Gaspar Ulliel. Outro grande retorno é o de Asghar Farhadi que representará o Iran com THE SALESMAN. Farhadi foi o triunfador na Award Season de 2012 com o belíssimo “A Separação”.
Sem dúvida este é o melhor ano da carreira de Pablo Larraín, que está representando o Chile com seu NERUDA e que também assina a direção de “Jackie”, cinebiografia de Jacqueline Kennedy que tem Natalie Portman como favorita na categoria de Melhor Atriz. O vencedor do Urso de Ouro de Berlim, FOGO NO MAR de Gianfranco Rosi, será o representante da Itália.
O México terá como representante DESIERTO, drama dirigido por Jonás Cuaron, filho de Alfonso Cuaron, já vencedor do Oscar de Melhor Direção por “Gravidade”. O filipino Brillante M. Mendoza reconquistou a crítica em Cannes com seu MA’ ROSA que representará as Filipinas. A Polônia tem como representante AFTERIMAGE, do recentemente falecido Andrzej Wajda.
Inesperada e bela qualificação para THE AGE OF SHADOWS da Coréia do Sul, novo filme de Kim Jee-woon, diretor de filmes como “I Saw The Devil” e “The Good, The Bad, The Weird”. O novo filme de Andrei Konchalovski, PARADISE, representará a Russia.
Segue a lista com todos os filmes qualificados:
ALEMANHA: Toni Erdmann, de Maren Ade
ÁFRICA DO SUL: Call Me Thief, de Daryne Joshua
ALBÂNIA: Chromium, de Bujar Alimani
ARGÉLIA: The Well, de Lotfi Bouchouchi
ARÁBIA SAUDITA: Barakah Meets Barakah, de Mahmoud Sabbagh
ARGENTINA: O Cidadão Ilustre, de Gastón Duprat e Mariano Cohn
AUSTRÁLIA: Tanna, de Martin Butler e Bentley Dean
ÁUSTRIA: Stefan Zweig: Farewell to Europe, de Maria Schrader
BANGLADESH: The Unnamed, de Tauquir Ahmed
BÉLGICA: The Ardennes, de Robin Pront
BÓSNIA E HERZEGOVINA: Morte em Sarajevo, de Danis Tanovic
BOLÍVIA: Carga Sellada, de Julia Vargas Weise
BRASIL: Pequeno Segredo, de David Schurmann
BULGÁRIA: Losers, de Ivaylo Hristov
CAMBOJA: Before the Fall, de Ian White
CANADÁ: É Apenas o Fim do Mundo, de Xavier Dolan
CAZAQUISTÃO: Amanat, de Narymbetov Satybaldy
CHILE: Neruda, de Pablo Larraín
CHINA: Da Tang Xuan Zang (Xuan Zang), de Jianqi Huo
COLÔMBIA: Alias María, de José Luis Rugeles
COREIA DO SUL: The Age of Shadows, de Kim Jee-woon
COSTA RICA: Entonces Nosotros, de Hernan Jimenez
CROÁCIA: On the Other Side, de Zrinko Ogresta
CUBA: El acompañante, de Pavel Giroud
DINAMARCA: Terra de Minas, de Martin Zandvliet
EQUADOR: Sin Muertos No Hay Carnaval, de Sebastián Cordero
EGITO: Clash, de Mohamed Diab
ESTÔNIA: Mother, de Kadri Kõusaar
ESLOVÁQUIA: Eva Nová, de Marko Skop
ESLOVÊNIA: Houston, We Have a Problem!, de Ziga Virc
ESPANHA: Julieta, de Pedro Almodóvar
FILIPINAS: Ma’ Rosa, de Brillante Mendoza
FINLÂNDIA: O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki, de Juho Kuosmanen
FRANÇA: Elle, de Paul Verhoeven
GEÓRGIA: House of Others, de Russudan Glurjidze
GRÉCIA: Chevalier, de Athina Rachel Tsangari
HONG KONG: Port of Call, de Philip Yung
HUNGRIA: Kills on Wheels, de Attila Till
HOLANDA: Tonio, de Paula van der Oest
IÊMEN: I Am Nojoom, Age 10 and Divorced, de Khadija Al-Salami
ISLÂNDIA: Pardais, de Rúnar Rúnarsson
ÍNDIA: Interrogation, de Vetrimaaran
INDONÉSIA: Letters from Prague, de Angga Dwimas Sasongko
IRÃ: The Salesman, de Asghar Farhadi
IRAQUE: El clásico, de Halkawt Mustafa
ISRAEL: Sand Storm, de Elite Zexer
ITÁLIA: Fogo no Mar (Fuocoammare), de Gianfranco Rosi
JAPÃO: Nagasaki: Memories of My Son, de Yôji Yamada
JORDÂNIA: 3000 Nights, de Mai Masri
KOSOVO: Home Sweet Home, de Faton Bajraktari
LETÔNIA: Dawn, de Laila Pakalnina
LÍBANO: Very Big Shot, de Mir-Jean Bou Chaaya
LITUÂNIA: Seneca’s Day, de Kristijonas Vildziunas
LUXEMBURGO: Voices from Chernobyl, de Pol Cruchten
MACEDÔNIA: The Liberation of Skopje, de Danilo Serbedzija e Rade Serbedzija
MALÁSIA: Beautiful Pain, de Tunku Mona Riza
MÉXICO: Desierto, de Jonás Cuarón
MONTENEGRO: The Black Pin, de Ivan Marinovic
MARROCOS: A Mile in My Shoes, de Said Khallaf
NEPAL: The Black Hen, de Min Bahadur Bham
NORUEGA: The King’s Choice, de Erik Poppe
NOVA ZELÂNDIA: A Flickering Truth, de Pietra Brettkelly
PAQUISTÃO: Mah e Mir, de Anjum Shahzad
PALESTINA: O Ídolo, de Hany Abu-Assad
PANAMÁ: Salsipuedes, de Ricardo Aguilar Navarro e Manuel Rodríguez
PERU: Videofilia: y otros síndromes virales, de Juan Daniel F. Molero
POLÔNIA: Afterimage, de Andrzej Wajda
PORTUGAL: Cartas da Guerra, de Ivo Ferreira
QUIRGUISTÃO: A Father’s Will, de Bakyt Mukul e Dastan Zhapar Uulu
REINO UNIDO: Under the Shadow, de Babak Anvari
REPÚBLICA CHECA: Lost in Munich, de Petr Zelenka
REPÚBLICA DOMINICANA: Flor de Azúcar, de Fernando Baez Mella
ROMÊNIA: Sieranevada, de Cristi Puiu
RÚSSIA: Ray (Paradise), de Andrey Konchalovskiy
SÉRVIA: Diário de um Maquinista, de Milos Radovic
SINGAPURA: Apprentice, de Junfeng Boo
SUÉCIA: Um Homem Chamado Ove, de Hannes Holm
SUÍÇA: My Life as a Zucchini, de Claude Barras
TAIWAN: Hang in There, Kids!, de Laha Mebow
TAILÂNDIA: Karma, de Kanittha Kwanyu
TURQUIA: Cold of Kalandar, de Mustafa Kara
UCRÂNIA: Ukrainian Sheriffs, de Roman Bondarchuk
URUGUAI: Migas de pan, de Manane Rodríguez
VENEZUELA: De Longe Te Observo (Desde Allá), de Lorenzo Vigas
VIETNÃ: Yellow Flowers on the Green Grass, de Victor Vu
A lista foi divulgada no dia 11 de outubro de 2016 pela Academy. No mês de dezembro serão divulgados nove filmes que irão compor uma short-list; no dia 24 de janeiro de 2017 conheceremos finalmente os cinco indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
A cerimônia de premiação do Oscar acontecerá em 11 de fevereiro de 2017.
Histórico da categoria
Na primeira cerimônia do Oscar, em 1929, nenhum filme estrangeiro foi sequer indicado. No período ente 1947 e 1955, oito filmes estrangeiros receberam um Prêmio Honorário. Segundo o membro da Academia Jean Hersholt, era “um prêmio internacional que podia ser designado a um filme que pudesse promover um intercâmbio entre cineastas americanos e os de outros países”. O primeiro filme a vencer este prêmio foi o drama neorrealista “Sciusciá – Vítimas da Tormenta” de Vittorio de Sica. Em 1956 a Academia instituiu o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, que desde então estará sempre presente ao longo dos anos. O primeiro filme a vencer o Oscar na categoria foi “La Strada”, de Federico Fellini.